quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Navegante Solitário

Aos
meus
olhos,
seu
sorriso,

calado
e conservado,
no vazio do seu
silencio

Na
minha
boca,

a
sua
língua

e
o seu
vicio
de
lingua-
gem

Na
minha
cama,

sua
alma
cigana,

a
velar
pelo
meu
sono

No
meu
coração,

Tu
que
velejas,

Desbravando o mar
Entre os icebergs
da
realidade

De mar em mar,
Tuas mãos a conduzir-me,
Sem prazo, sem rumo, sem vela...

Na praia,
navegante solitário,
ancorado em meus sonhos curvilíneos

Entre a saudade
e a
lembrança,
velejo

Jair Fraga V. Neto

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O grito de uma criança


Olhinhos abandonados....

geram o soluço,
retratam um discurso,
incontrolável grito
termômetro quebrado
ossos congelados

dodói?
espere o remédinho

universo mudo
mendingos lhe fazem carinho
alimentam com farelos de pão e amor

Cordas vocais afinadas
repentinos gritos ecoam o mundo
ira?IRA!!
anda descalça
não tem família
çççççç!silêncio
Aninha adormeceu

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Noite de cetim

A noite desperta
De sua solidão
Renascendo do ventre
De tudo que é belo

E um mar de estrelas
Arpeja sobre nós
Sussurrando segredos
Do meu amor de Otelo

O tempo
Então se curva
Como se desse ardor
Fosse ele o servo

E de dois
Viramos um
Num prazer
Que não tem mais fim

Nessa noite de cetim

Rogério Carvalho
11 / 11 / 2009

sábado, 21 de novembro de 2009

SOLDADOS

SOLDADOS

Braços fortes empunhando metais
Solos irrigados com seu próprio sangue
Fazendo da vida um acaso
Onde as sentenças se expandem

Movidos pela teimosia
De levar o que quer na mão grande
Os soldados que ali conseguira
Não pouparam suas vidas a um louco

Um coração mutilado no peito
Abatedouro impiedoso das almas
Com um ofício qualquer não à vida
Assunto que nos castiga

O manto que diz ser sagrado
Não tem protegido os meus dias
É o lucro das guerras assinadas
O torpor dos espíritos em batalhas.

André Folly – 14.11. 2008

sábado, 7 de novembro de 2009

Versos Molhados

Desejei por um momen-
to estar cho-
ven-
do
.
. . .
. . . .

Assim,
seria eu,
"sujeito a
chuvas e
trovoadas"
. . . . .
Mas,
não
estava.
.
.
.
Era
se-
tem-
bro.
.
Calor
que só,
cabeça quente,
olhos agudos,
suor escorrendo.
. . . . . . . . .
. . . .
. .
.
Eu
não pude
me controlar
Você estava bela
Vagava daqui,
vagava de lá
E eu ali,
só a
obser-
var.
.
Foi culpa do tempo,
Ele estava propício
Que por um momento
Evaporei e quando percebi
Já era nuvem…
. . . . .
.
Eu bem queria
estar chovendo,
Assim,
escorreria
como
água
em
seu
cor-
po,
. . .
.
.

F
.
L
.
U
.
I
.
N
.
D
.
O
.
Em
cada veia
. . .
Adubando corações
Abandonados .
.
.
.

Eu
se-
ria


a
água
ne-
ces-
sária
a sua
semente,
e as gotas
que caissem
de minha nuvem,
atingiriam não só os
lençóis freáticos,
como também
permeariam
a su' alma
...
.
.
Fariam
brotar
em sua virilha
Um desejo
indecente
.
..
.. de..
…evaporar...
Junto de mim,
e por um momento
ser nuvem,
.
.
Mas,
como eu já era “nimbus”
Perdi-me de mim e em ti desagüei
"
V
.
E
.
R
.

S
.
O
.
S
-
Molhados "
JAIR FRAGA VIEIRA NETO

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

POESIA PARA O FILHO QUE NÃO TIVE




O filho que não tive
Não ia gostar de poesia
Pobrezinho
Não saberia o gosto que se tem
Escrever sob o olhar atento dos astros

Não saberia o sabor do beijo de um verso cru
Não saberia o arrepio que dá quando a inspiração
Sopra doce ao ouvido

O filho que não tive
Seria muito sério
Não iria aos cabarés, não gemeria nas alcovas
Não ia gostar de rock, cerveja, carnaval

O filho que não tive seria ateu
Não leria gibis, nem acreditaria nas lendas da velha infância
O filho que não tive iria gostar de western, de meninas brejeiras, de seios fartos

Seria calmo, ponderado, teria profissão definida, escreveria o básico
Mas tadinho, não leria Drummond, Neruda, Vinicius, não ouviria Tom

Passaria pela vida, meu Deus, sem saber o que é um verso...
É isso seria triste demais
É muito triste, meu Deus
Passar por esta vida
Sem ser poeta
Sem notar que as flores
São muito mais que beleza
As flores
São versos de Deus
Com elas, meu filho
Deus escreve este poema
Que chamamos primavera.

Radyr Gonçalves